O profeta Muhammad disse:
"Todos os outros profetas foram enviados exclusivamente para suas nações, enquanto que eu fui enviado para toda a humanidade."
Deus enviou José, filho
de Jacó, para o povo do Egito e o apoiou com habilidades observáveis e que
faziam sentido para o povo o qual José havia sido enviado para guiar. Na época
de José, sonhos e suas interpretações eram muito importantes e isso fica claro
ao longo da história de José. O profeta Jacó (pai de José), os companheiros de
prisão e o rei do Egito, todos têm sonhos.
Quando o rei ouviu a interpretação de José de seu sonho,
ficou atônito e libertou José. Entretanto, José se recusou a deixar a prisão
sem limpar seu nome de qualquer transgressão. Queria que seu mestre Al Aziz
ficasse completamente certo de que ele (José) não havia traído sua confiança.
José respeitosamente exigiu que o rei investigasse o assunto das mulheres que
cortaram as mãos. O rei ficou curioso e chamou a esposa de Al Aziz e suas
amigas.
"O rei perguntou (às mulheres): Que foi que se passou quando tentastes seduzir José? Disseram: Valha-nos Deus! Não cometeu delito algum que saibamos. A mulher do governador disse: Agora a verdade se evidenciou. Eu tentei seduzi-lo e ele é, certamente, um dos verazes."
Quando sua inocência foi estabelecida, José compareceu
perante o rei. Depois de ouvir as palavras de José o rei ficou ainda mais
impressionado e confiou a ele uma posição de alto escalão. José disse:
"Confia-me os armazéns do país que eu serei um bom guardião deles, pois hes conheço a importância."
Na religião do Islã não é permissível pedir uma posição de
autoridade ou falar sobre si mesmo com presunção. Entretanto, quando José
pediu ao rei que o colocasse a cargo dos armazéns, ele fez essas duas coisas.
Os sábios do Islã explicam que quando você é a única
pessoa que se adequa àquela posição, é permissível solicitá-la e se for novo na
comunidade, é permissível se apresentar. José sabia as tribulações que o Egito
estava prestes a enfrentar e sabia que era capaz de evitar o perigo iminente em
um período de fome. Para José, não pedir essa posição seria irresponsável. O
menino traído e jogado no poço era agora o ministro de finanças do Egito. Sua
paciência e perseverança e, acima de tudo, sua submissão total à vontade de Deus,
já tinham resultado em grande recompensa. José sabia, entretanto, que a maior
recompensa pela paciência e retidão estaria na outra vida.
José encontra seus irmãos.
O tempo passou. Durante sete bons anos José se preparou
para a época de fome que viria. A seca e a fome profetizadas corretamente por
José não só afetaram o Egito, mas também as terras ao redor, incluindo o local
onde viviam Jacó e seus filhos. José administrou tão bem as questões do Egito
que havia grãos suficientes para alimentar o povo do Egito e os das áreas ao
redor. Como a vida se tornou difícil e o alimento escasso, as pessoas
começaram a correr para o Egito para comprar os grãos que José vendia a preço
justo.
Entre aqueles em busca de provisões estavam os dez
irmãos mais velhos de José. Quando os irmãos foram levados à presença de José,
não o reconheceram. José olhou para os irmãos e seu coração sentiu saudade de
seu pai e de seu irmão mais novo, Benjamim. Saudou-os respeitosamente, fez
perguntas sobre a família e terra natal e explicou que as rações de grãos
seriam distribuídas por cabeça. Portanto, se tivessem trazido o irmão mais novo
teriam recebido mais rações. José esperava encorajá-los a trazer Benjamim.
Chegou ao ponto de dizer que sem o irmão mais novo não receberiam provisões.
"Porém, se não mo trouxerdes, não tereis aqui mais provisões nem podereis acercar-vos de mim!"
Quando retornaram ao pai, o profeta Jacó, explicaram a
ele que não receberiam mais grãos a menos que viajassem com o irmão mais novo.
Benjamim tinha se tornado próximo de seu pai, especialmente depois do
desaparecimento de José. Lembrando-se de sua perda anterior, Jacó não queria
se afastar de seu jovem filho. Mais uma vez os irmãos prometeram proteger o
irmão mais novo e, mais uma vez, Jacó sentiu seu coração apertado de medo. Os
irmãos então constataram que o dinheiro que tinham pago pelos grãos tinha sido
devolvido a eles secretamente.
Jacó tinha confiança completa em Deus e deu permissão
para levarem Benjamim, mas somente após jurarem protegê-lo, em nome de Deus.
Embora o profeta Jacó fosse particularmente próximo de seus filhos José e
Benjamim, amava profundamente a todos os seus filhos. Eram homens fortes,
bonitos e capazes e Jacó temia que algum mal poderia lhes acontecer em outra
viagem ao Egito. Para minimizar os riscos, fez os filhos prometerem que
entrariam na cidade por portões diferentes. Jacó lhes disse:
"Ó filhos meus, não entreis (na cidade) por uma só porta; outrossim, entrai por portas distintas; porém, sabei que nada poderei fazer por vós contra os desígnios de Deus, porque o juízo é só d’Ele. A Ele me encomendo, e que a Ele se encomendem os que (n’Ele) confiam."
Os irmãos retornaram ao Egito, entraram por portões
diferentes e foram até José para as provisões prometidas. Durante esse
encontro José levou Benjamim para um canto e revelou que era seu irmão perdido
há muito tempo. Os dois se abraçaram e seus corações se encheram de alegria.
José, entretanto, pediu a Benjamim para manter o encontro em segredo por um
tempo. Depois de prover os irmãos com as rações de grãos, José fez com que uma
tigela de ouro fosse colocada na bolsa de Benjamim e, de acordo com a
combinação de José, alguém gritou:
"Ó caravaneiros, sois uns ladrões!"
Os irmãos ficaram atônitos porque não eram ladrões.
Perguntaram sobre o objeto roubado e ficaram espantados em ouvir que era uma
tigela de ouro pertencente ao rei. Quem a devolvesse seria recompensado com
uma carga de camelo em grãos. Os irmãos de José alegaram não ter conhecimento
desse roubo. Afirmaram que não eram ladrões e não tinham vindo ao Egito criar
confusão. Um dos homens de José perguntou: "Qual é sua punição para aquele que
rouba?" Os irmãos responderam que sob a lei do profeta Jacó, aquele que rouba é
tomado como escravo. José não queria seu irmão punido sob as leis do Egito,
mas queria a oportunidade de manter seu irmão com ele enquanto os outros
retornavam ao pai Jacó. As bolsas foram revistadas e a tigela de ouro
encontradaentre os
pertences de Benjamim.
Saheeh Al-Bukhari.