Outra razão pela qual Deus envia tribulações e aflições
para as pessoas é para que sejam testadas. O Alcorão declara:
"Porventura, pensam os humanos que serão deixados em paz, só porque dizem: Cremos! sem serem postos à prova?"
Esse conceito pode ser entendido claramente se fizermos
a analogia do casamento. Um homem pode amar e ser leal a sua esposa durante os
bons momentos, mas quando as coisas ficam difíceis, pode abandoná-la. Por
exemplo, se ela é jovem e bonita, ele a adorará, mas se tiver câncer e perder
sua beleza física, o mesmo homem pode abandoná-la. Isso mostra que na
realidade ele não a amava. Da mesma forma um homem deve amar a Deus e
obedecê-Lo não só nos bons momentos, mas também em tempos de tribulação. Os
hipócritas podem convidar para o caminho de Deus quando o tempo está bom, mas
assim que a tempestade chega, abandonam sua fé em Deus.
Por exemplo, durante a vida do profeta Muhammad, que a
misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, havia muitos hipócritas que
se convertiam ao Islã quando era benéfico para eles. Ao fazê-lo, eram capazes
de assegurar posições de poder no governo islâmico. Mas assim que as coisas
complicavam começavam a demonstrar descrença, mesmo depois de terem alegado
crer. Quando um inimigo poderoso ameaçava destruir a recente cidade-estado
islâmica, os hipócritas abandonavam a fé. Os inimigos do Islã perseguiam os
primeiros muçulmanos, torturando-os, boicotando-os e até matando-os. Isso
realmente diferenciava os verdadeiros crentes dos falsos. Os verdadeiros
crentes continuavam fieis a Deus, mesmo em tempo de grande adversidade.
Portanto, Deus testa as pessoas para diferenciar os verdadeiros crentes dos
hipócritas. Deus diz:
"Porventura, pensam os humanos que serão deixados em paz, só porque dizem: Cremos! sem serem postos à prova? Havíamos provado seus antecessores, a fim de que Deus distinguisse os leais dos impostores."
Essa ideia é repetida em vários versículos no Alcorão,
tal como:
"Não é do propósito de Deus abandonar os crentes no estado em que vos encontrais, até que Ele separe o corrupto do benigno."
O mensageiro de Deus prometeu a seus seguidores que ao
se tornarem muçulmanos, alcançariam o sucesso. Quando o inimigo poderoso quase
superou os defensores muçulmanos, os hipócritas começaram a questionar a
promessa do mensageiro de Deus. Começaram até a questionar a natureza poderosa
de Deus. O Alcorão diz:
"Vê! Então os crentes foram testados e sacudidos violentamente. (Foi também) quando os hipócritas e os que abrigavam a morbidez em seus corações disseram: Deus e Seu Mensageiro não nos prometeram senão ilusões. (Foi ainda) quando um grupo deles (dos fiéis) disse: Ó povo de Yátrib, retornai à vossa cidade, porque aqui não há lugar para vós!"
A calamidade fez os hipócritas expor a descrença,
enquanto que os verdadeiros crentes ficaram ainda mais absolutos em sua fé. O
Alcorão diz sobre eles:
"E quando os crentes avistaram as facções, disseram: Eis o que nos haviam prometido Deus e o Seu Mensageiro; e tanto Deus como o Seu Mensageiro disseram a verdade! E isso não fez mais do que lhes aumentar a fé e resignação."
Portanto, Deus testa as pessoas para diferenciar as
verdadeiras das falsas. De fato, como se pode avaliar o valor de um objeto sem
colocá-lo em teste? Um fabricante de automóveis testará seus carros para ver a
velocidade que podem alcançar e que tipo de batida podem resistir. Deus também
testa Suas criações para ver o quanto terão de fé e se permanecerão assim
quando estiverem em dificuldades. Cederão facilmente? Ou serão como o carro
sofisticado que aguenta bastante? Deus diz:
"Pensam, acaso, aqueles que abrigam a morbidez em seus corações, que Deus não descobrirá os seus rancores?"
Adversidade e aflições são de fato misericórdia
celestial, porque dão aos crentes uma chance de conquistar boas ações sendo
pacientes e leais a Deus. Ao passar no teste de Deus, esses crentes abrem
caminho para entrar no paraíso. Deus diz:
"Pretendeis, acaso, entrar no Paraíso, sem antes terdes de passar pelo que passaram os vossos antecessores?"
E assim as pessoas são testadas com várias tribulações e
aflições: pobreza, fome, medo, etc., são todos testes de Deus. Até a perda de
entes queridos é um teste. Quando o ingrato perde um ente querido se torna
amargo em relação a Deus, desafiando Deus por ter feito seu ente querido
morrer. Mas o crente grato permanecerá paciente e submeterá totalmente sua
vontade a Deus e, dessa forma, Deus diferencia o verdadeiro do falso. Deus
diz:
"Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a perda dos bens, das vidas e dos frutos. Mas tu (ó Mensageiro), anuncia (a bem-aventurança) aos perseverantes - Aqueles que, quando os aflige uma desgraça, dizem: Somos de Deus e a Ele retornaremos - Estes serão cobertos pelas bênçãos e pela misericórdia de seu Senhor, e estes são os bem encaminhados."
A calamidade não tem que ser a única forma de Deus nos
testar. O teste de Deus também pode ser na forma de bênçãos, riqueza, saúde,
filhos, família e coisas semelhantes. O que as pessoas fazem com essas bênçãos
é um grande teste. Muitas celebridades e pessoas ricas recebem grande fortuna,
fama e bens materiais, mas não são gratos a Deus e, ao invés disso, vivem suas
vidas em pecado. Deus diz:
"E sabei que tanto vossos bens como vossos filhos são para vos pôr à prova, e que Deus vos tem reservada uma magnífica recompensa."
Portanto, vemos que Deus testa as pessoas por meio tanto
das adversidades quanto das bênçãos, mas independente do tipo de teste, os
crentes são os que se mantêm gratos a Deus. O Alcorão declara:
"Sem dúvida que sereis testados quanto aos vossos bens e pessoas, e também ouvireis muitas blasfêmias daqueles que recebem o Livro antes de vós, e dos idólatras; porém, se perseverardes pacientemente e temerdes a Deus, sabei que isso é um fator determinante, em todos os assuntos."
Concluindo, quando a calamidade recai sobre um crente,
ele deve saber que há nela um bem, mesmo que não seja aparente a princípio.
Por meio da aflição os pecados são expiados e as almas purificadas; por meio
das tribulações os perseverantes são testados por Deus e somente os resolutos
serão bem sucedidos. É com base nisso que Deus concederá o bem no devido
tempo, nessa vida ou na vida após a morte. Deus diz:
"Porém a ninguém se concederá isso, senão aos tolerantes, e a ninguém se concederá isso, senão aos bem-aventurados."